quinta-feira, 14 de março de 2013

CABELUDINHO por MANOEL DE BARROS






Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regência verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disilimei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia a nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. 

7 comentários:

Taysa disse...

estou por aqui... voa flecha voa..

COMO HISTÓRIAS - FÁBIO MONTEIRO disse...

Que alegria recebê-lá!

Kekel 3 disse...

O que é voltar de ateu?

Kekel 3 disse...

Oi

Unknown disse...

Éh um verbo errado

Voltar "ateu" significa nao acreditar mais eu deus

Ex:-você é um menino ateu?
-não, sou não pois eu acredito em deus


Entendeu?

Unknown disse...

Não entendi

ZWarrior disse...

O texto erra de propósito gramaticalmente e fala de uma história do menino Cabeludinho.