terça-feira, 30 de abril de 2013

LIVROS por ROSEANA MURRAY



O livro é a casa onde se descansa do mundo.
O livro é a casa do tempo, é a casa de tudo.
Mar e rio no mesmo fio,
água doce e salgada.
O livro é onde a gente se esconde
em gruta encantada.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

LIVROS PARA LEITORES JOVENS



Aprendendo a ler, 1889
Simon Glücklich ( Alemanha, 1863-1943)
Promover e incentivar a leitura é tanto mais simples quanto mais novos são os alunos. À medida que eles crescem e aumentam as solicitações do mundo, essa atividade costuma ser preterida. O que o professor de estudantes jovens pode faer para aguçar a curiosidade, que é o melhor estímulo para a leitura, em qualquer idade? Pode começar lembrando que quem nos fala com entusiasmo de um livro que está lendo ou já leu provoca em nós uma imensa vontade de lê-lo...
Fragmento do caderno de leituras - Editora Companhia das letrinhas

domingo, 21 de abril de 2013

NEM TUDO É FÁCIL por CECÍLIA MEIRELES



É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!

sábado, 20 de abril de 2013

O CORAÇÃO DELATOR por EDGAR ALLAN POE



É verdade! Nervoso, muito, muito nervoso mesmo eu estive e estou; mas por que você vai dizer que estou louco? A doença exacerbou meus sentidos, não os destruiu, não os embotou. Mais que os outros estava aguçado o sentido da audição. Ouvi todas as coisas no céu e na terra. Ouvi muitas coisas no inferno. Como então posso estar louco? Preste atenção! E observe com que sanidade, com que calma, posso lhe contar toda a história.

É impossível saber como a idéia penetrou pela primeira vez no meu cérebro, mas, uma vez concebida, ela me atormentou dia e noite. Objetivo não havia. Paixão não havia. Eu gostava do velho. Ele nunca me fez mal. Ele nunca me insultou. Seu ouro eu não desejava. Acho que era seu olho! É, era isso! Um de seus olhos parecia o de um abutre - um olho azul claro coberto por um véu. Sempre que caía sobre mim o meu sangue gelava, e então pouco a pouco, bem devagar, tomei a decisão de tirar a vida do velho, e com isso me livrar do olho, para sempre.

Fragmento inicial do conto.


 
Edgar Allan Poe, poeta, escritor, crítico e contista norte-americano, nasceu em janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts -1849) e é considerado o pai e mestre da literatura de horror.
Algumas obras do autor traduzidas para o português:
- Manuscrito encontrado em uma garrafa
- O corvo
- O gato preto
- A carta roubada
- Os assassinatos na rua Morgue e outras histórias
- O retrato oval
- A máscara da morte vermelha
- A carta roubada
- O coração revelador
- A máscara da morte rubra
- O corvo e outros poemas
- A narrativa de Arthur Gordon Pym
- O escaravelho de ouro
- A trilogia Dupin


quarta-feira, 17 de abril de 2013

JOGO CÊNICO por RENATO ANDRADE



Foto: Aguardaremos vocês para iniciarmos nosso jogo!



 

Retornar ao ofício de ator mobilizou na alma muitas possibilidades sensoriais; a observação das cores e nuances das personagens, as melodias de falas que assumem tons variados e consonantes com as formas que se formam a cada ensaio, a prontidão corpórea para o exercício cênico, a observação da composição dos queridos companheiros e companheiras de cena, a compreensão de falas lúdicas, trágicas, cômicas, dramáticas, vozes que perdem a forma do ator e pedem para serem ditas de tantas outras formas. Voltar ao fazer teatral, depois de tanto tempo, gerou um frescor de manhã acolhedora, uma exigência técnica que pensei ter esquecido, mas que assim como as boas memórias, ao tocar as gavetas que guardavam,  pularam e pularam.

PELO USO E ABUSO DA LEITURA


A escola tem a tarefa institucional de garantir que os estudantes se tornem usuários efetivamente hábeis do sistema de representação escrita, Pois  saber ler e escrever é condição indispensável ao exercício pleno da cidadania. E, juntamente com ensinar a ler para aprender, é preciso também ensinar a ler por ler. Ou seja, além de ter estratégias de ensino para desenvolver a fluência e eficiência  nos usos da escrita associados às demandas sociais, a escola deve favorecer também a qualidade do vínculo dos alunos com a literatura e capacidade de dialogar com os textos lidos por satisfação pessoal, por necessidades individuais.

É importante que os alunos aprendam a ter a leitura também como instrumento de prazer, como ferramenta lúdica que nos permite explorar outros mundos reais ou imaginários, que nos aproxima de outras pessoas e de outras ideias. Por isso, em todos os níveis de escolaridade deve haver tempo e espaço programados para a leitura gratuita, para ler para si mesmo, sem outra finalidade senão a de sentir como pode ser bom entregar-se à leitura. Fomentar esse prazer individual não é uma prática independente de ensinar a ler.
 
Alguns temas:
  • De onde vêm as histórias?
  • A reinvenção das histórias.
  • Como criar personagens?
  • Onde as histórias acontecem?
  • A poesia das palavras.
  • Em foco, o ilustrador
  • A leitura e as tarefas escolares
  • Os textos que contam as histórias
  • Além das histórias
  • Leituras que inspiram conversas
  • Histórias que ensinam histórias
E tantos outros textos que merecem leituras e reflexões!

Caderno de leituras - Orientações para o trabalho em sala de aula  - Companhia das Letrinhas

quarta-feira, 10 de abril de 2013

RESÍDUOS por CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Homenagem aos presos políticos da ditadura militar
Museu da Resistência em São Paulo 


De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco


Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).


Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.


Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.


Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.


Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.


Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?


Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.


De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.


E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.


Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

domingo, 7 de abril de 2013

VONTADE DE DIA CLARO por FÁBIO MONTEIRO

Dia rompendo a noite parece filme de ficção.
 
A gente olha a invasão de cores em outros tons e escuta o tímido canto polifônico dos pássaros. Tem jeito de aroma de bolo da vó que aos poucos adentra quartos e sala, despertando nossas sensações.
O dia por aqui amanhece cinzento, e as nuances ficam por conta de tons claros e escuros. O verde das árvores destoa do resto, tímido, e os carros que passam preto, prata, branco. 

Parece até elefante de circo. Nenhum colorido explícito.
 
Silêncio ainda há, com exceção de algumas intromissões ocasionais, o resto é jeito de dia assim com preguiça de ser. Mas, tudo será aos poucos, tudo clareado, porque não há controverso disso.  

sábado, 6 de abril de 2013

EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ por VÍNICIUS DE MORAIS



Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você

sexta-feira, 5 de abril de 2013

NAVIO NEGREIRO por CASTRO ALVES


'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

LUAR DO SERTÃO por LUIZ GONZAGA



Oh!que saudade do luar da minha terra
Lá na terra branquejando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão

Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia a nos nascer do coração

Mas como é lindo ver depois por entre o mato
Deslizar calmo regato, transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando
E por sua vez, roubando as estrelas lá do céu


quarta-feira, 3 de abril de 2013

ESTRAMBOLE MELANCÓLICO por CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 



Tenho saudade de mim mesmo,
saudade sob aparência de remorso,
de tanto que não fui, a sós, a esmo,
e de minha alta ausência em meu redor.
Tenho horror, tenho pena de mim mesmo
e tenho muitos outros sentimentos
violentos. Mas se esquivam no inventário,
e meu amor é triste como é vário,
e sendo vário é um só. Tenho carinho
por toda perda minha na corrente
que de mortos a vivos me carreia
e a mortos restitui o que era deles
mas em mim se guardava. A estrela-d'alva
penetra longamente seu espinho
(e cinco espinhos são) na minha mão.