Eu não amava que botassem data na
minha existência. A gente usava mais era encher o tempo. Nossa data
maior era o quando. O quando mandava em nós. A gente era o que quisesse
ser só usando esse advérbio. Assim, por exemplo: tem hora que eu sou
quando uma árvore e podia apreciar melhor os passarinhos. Ou: tem hora
que eu sou quando uma pedra. E sendo uma pedra eu posso conviver com os
lagartos e os musgos. Assim: tem hora eu sou quando um rio. E as
garças me beijam e me abençoam. Essa era uma teoria que a gente
inventava nas tardes. Hoje eu estou quando infante. Eu resolvi voltar
quando infante por um gosto de voltar. Como quem aprecia de ir às
origens de uma coisa ou de um ser. Então agora eu estou quando infante.
Agora nossos irmãos, nosso pai, nossa mãe e todos moramos no rancho de
palha perto de uma aguada. O rancho não tinha frente nem fundo. O
mato chegava perto, quase roçava nas palhas. A mãe cozinhava, lavava e
costurava para nós.
2 comentários:
Fábio,
Agradeço por colocar-me entre o Quintana e o Bandeira... rs!
Abraços!
Mas, quando puder, corrija a autoria.
Obrigado pela generosidade! Já fiz a devida correção!
Abraços,
Fábio
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