“Um conto que conta” é um projeto interdisciplinar que une a matemática com a literatura infantil. Na Escola SESC, no Rio Grande do Norte, nós sempre recebemos a proposta de realizar um projeto. Quando eu e a professora Tamiza Freitas sentamos para pensar em quais atividades desenvolveríamos, nós pegamos a lista de livros paradidáticos das crianças. Quando vimos “A menina que contava”, do Fábio Monteiro, entre as obras, tivemos a ideia de juntar a matemática e literatura.
O livro conta a história da personagem Alga. A menina se depara com várias situações no dia a dia e vai fazendo a contagem das quantidades que encontra. A sua mãe é costureira, então ela conta os botões das roupas, por exemplo. Primeiro, nós fizemos uma leitura para que as crianças conhecessem a história. Depois, a cada página, nós desenvolvíamos uma atividade diferente, mas que fosse inspirada no livro, para os alunos sentirem como se fizessem parte da história e vivenciassem tudo o que a Alga também vivenciava.
Então nós construímos um casaco gigante de papel e colocamos os botões para as crianças fazerem a contagem, desenvolvemos atividades em grupo no parque assim como a personagem. Em uma parte da história, a menina quebra a perna. Nós aproveitamos para contar e estudar os ossos do corpo humano. Em outra, ela conta as estrelas e os planetas. Essas abordagens diferentes permitiram que desenvolvêssemos outras atividades, tornando o projeto interdisciplinar.
As crianças aprendem de forma muito mais significativa quando é algo que elas querem
Com a ampliação do projeto, começamos a construir jogos matemáticos com os alunos. Nós criamos o jogo da pizza, de acertar o alvo, jogos de encaixe e uma trilha, inspirada em um caminho que a personagem fazia no livro.
Eu acho importante começar a trabalhar a matemática com crianças entre em cinco e seis anos porque ela está em todo lugar. As crianças ainda não conseguem diferenciar os números quando entram na escola, mas com certeza já viram os números de casa, no microondas, na televisão, no controle remoto e em muitos outros lugares. Isso faz parte do cotidiano delas.
Aqui na escola, nós sempre devemos fazer uma culminância do projeto, mostrando que estamos finalizando as atividades. A princípio, eu a professora Tamiza pensamos em desenvolver uma peça teatral com os alunos, a fim de apresentar a história da personagem Alga para os outros estudantes. Só que a gente sempre escuta o que as nossas crianças têm a dizer, porque acreditamos que tudo o que elas devem aprender precisa ter um significado na vida de cada um. Quando fizemos a proposta da realização da peça teatral, nós percebemos que eles não se empolgaram muito. Então decidimos perguntar o que eles queriam fazer na culminância do projeto, ao que eles responderam que queriam continuar com os jogos dentro da sala de aula.
Os jogos fizeram com que eles se envolvessem muito mais no projeto, porque todos queriam vivenciar e aproveitar o espaço criado
Diante da vontade dos nossos alunos, decidimos mudar o fechamento das atividades. Eles que escolheram a culminância. A partir dessa demanda, criamos a matemadoteca, um espaço dentro da sala de aula onde colocamos os jogos criados e também o livro da personagem, para que os estudantes pudessem vivenciar sempre que quisessem. As crianças aprendem de forma muito mais significativa quando é algo que elas querem. Não adiantaria que a gente insistisse na peça de teatro, sendo que era algo que eles não queriam de fato. Os jogos fizeram com que eles se envolvessem muito mais no projeto, porque todos queriam vivenciar e aproveitar o espaço criado. A cada atividade eles iam aprendendo mais sobre matemática, sobre os números e as regras dos jogos.
Suzana Rodrigues Moraes e Tamiza Richelly Freitas
Suzana Rodrigues Moraes e Tamiza Richelly Freitas são licenciadas em Pedagogia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN. Ambas são estudantes do Curso de Especialização nas áreas de Práticas Educativas e Psicopedagogia e atualmente são professoras de Educação Infantil da Escola SESC - Mossoró, no Rio Grande do Norte.