O estado é a
representação da situação, o estado das coisas.
Pode ser
mais que isso, mas também menos que o esperado pelos cidadãos.
Estado
opressor com poder em dizer não para tudo que é imanente, e sim, para coisas
perecíveis, insensatas, inconsequentes.
Esfera de
poder que tem capital e território
também.
Representação
desfigurada do sólido numa sociedade tão líquida.
Evaporação
dos sonhos, fruição das insignificâncias.
Dilatação
nas extremidades - do apelo à necessidade, do sublime à pieguice
conjuntural.
Não há
estado de tranquilidade na desesperança que os caminhos dissimulados ofertam.
Tanto
estado, tanto status, tanto sentimento estatizado para nada.
Nessa
economia malthusiana, toda nossa de todos os dias, poucos resistem.
Se há
estado, ele também sobrevive minguado.
Num lugar em
que o soberano governa por entre nuvens, distante das leis, nublado que nem elas,
pouco resta a perguntar pelo futuro das crianças, por caminhos possíveis, por
transformações significativas.
Afora poucas
horas num estado perene de solidão e angústia,
sobra um pouco
de tempo para pensar nas flores. E elas são tantas, não é?
A primeira
vez que as vi foi num sonho, depois na vida, depois em tantas memórias:
Amarelas,
rubras, murchas, espinhosas, calamitosas, funerárias.
Tantas no
sol a sol,
na chuva
temporalizada, no sertão duro, no mar profundo,
e acho que
as vi também em alguma imersão discretamente humana.
No lugar que
nasci, num outro que escolhi, na fronteira da desistência.
As flores assombram
em suas quantidades e formas, e sobram nas suas diversidades e gentilezas. Nas
resistências e incertezas, no virtuosismo e perfume.
E no estado
vaporoso de tempos incertos, e conspiratórios,
quem dera um
dia retornar ao mundo flor resistente de mandacaru,
bela como só ela.