Férias é momento de descontração,
alegria e descanso. Tempo de encontrar motivos para conhecer lugares, realizar
sonhos, ocupar um espaço a mais na memória com novas experiências, paisagens e
amizades. É delírio em encontrar o inesperado, mergulhar em espaços
desconhecidos, mas é também a possibilidade em realizar projetos
realmente muito esperados.
Dentre eles, havia um escondido entre as prateleiras dos meus desejos, imagens
já vistas em postais, sites, mas que guardava a certeza que o contato seria
melhor que as representações. E estava certo, nem de perto as imagens já vistas
provocaram tanto meus sentidos como adentrar as portas da livraria Lello. Senti
primeiro o Porto, depois meus sentidos foram aguçados por um mundo maior. Os
cheiros, as gentes, os livros, a madeira, a luminosidade, o atendimento, o
cuidado com os detalhes, com as entrelinhas, com as memórias. Menor fisicamente
do que eu imaginava, mas grandiosa devido sua importância para o mundo dos
leitores.
Pensei na minha relação com os livros, na minha vontade de ter vidas
inúmeras para dar conta de todas as leituras. Pensei também na importância em
preservar os patrimônios históricos, a arquitetura que guarda no seu tempo arte
e memória, e lembrei de nossos dilemas no Brasil, nossas histórias desfeitas
pela falta de cuidado com nossos patrimônios, nossos projetos de formação leitora, nossos autores... tudo nosso. Nosso? E por isso, silêncio. Silêncio de
coisas desfeitas. Silêncio de recomeço, silêncio de novos projetos para
contribuir com a formação dos meus leitores, com a formação leitora de meu
pais.
E segui adiante
por entre imagens e imaginações para alegrar minha passagem por esse lugar de
encantamento, compreendendo que não há saída melhor para nossos dilemas que a
preservação de nossos sonhos e a projeção deles nas suas concretizações de
maneira emergencial.
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